𝟎𝟓. ▎à espera do resgate

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❛ À ESPERA DO RESGATE ₊˚.꒷⤸
─── 𝓝𝐎 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐃𝐈𝐄

( 𝓼𝒆𝒂𝒔𝒐𝒏 𝓸𝒏𝒆 )

❛❛ they say these are the golden years
but i wish i could disappear
ego crush is so severe
god, it's brutal out here ❜❜

ㅤㅤ─ brutal, olivia rodrigo

Meia hora depois que Yoona e Taewon organizaram o chão para que o grupo pudesse dormir mais tarde, os cinco adolescentes estavam sentados em um círculo. Decidiram organizar as coisas que Jinyoung e Yerim encontraram nos armários, assim saberiam exatamente o que tinham.

Yerim estava ao lado de Yoona com duas mochilas vazias no colo e organizava as comidas. Para a tristeza da professora de educação física, grande parte eram barrinhas de chocolate, biscoito e salgadinhos. Jinyoung estava ajudando nisso enquanto discutiam sobre como organizariam as coisas na mochila, enquanto Minho juntava as roupas que havia encontrado para fazer pequenas almofadas para cada um.

Enquanto isso, Yoona e Taewon estavam olhando os remédios, curativos e coisas do tipo que estavam nos armários.

Yoona estava genuinamente surpresa pela quantidade de remédios que encontraram. Entendia os remédios de cólica, dor de cabeça e antialérgicos que encontraram, mas tinham outros e em quantidades grandes. Agora entendi porque o jornal fez uma reportagem sobre o perigo da automedicação, ela pensou.

Pela milionésima vez naquele dia, Yoona sentiu seu coração pular do seu peito quando, de repente, os autofalantes espalhados pela escola transmitiram um som agudo. Era mesmo som que ouviam quando o microfone do colégio dava problema antes de algum funcionário ligá-lo para transmitir um recado.

Tampou os ouvidos por alguns segundos, incomodada com o barulho estridente. ─── Alunos e professores do Colégio Hyosan, aqui é a professora de inglês, Park Sunhwa. ─── A voz muito bem conhecida pelos alunos do segundo ano saiu pelos autofalantes da escola.

Yoona arregalou os olhos, e sentiu a mão de sua melhor amiga apertar a sua. Ao olhar para o rosto de Yerim, viu que ela estava com os olhos lacrimejando. Nem precisou perguntar para saber que aquilo era alívio. A professora Park era extremamente importante para todos alunos da turma delas, e não havia uma pessoa que não sentisse carinho pela professora.

─── Tem algo estranho acontecendo na escola. Alguns alunos estão atacando as pessoas. Por favor, encontrem um lugar seguro e se abriguem. Se algum aluno ou professor estiver ouvindo e conseguir, ligue para a polícia e para os bombeiros. ─── A cada palavra dita pela professora, o coração de Yoona se acalmava cada vez mais. ─── Alunos, escondam-se até a ajuda chegar. Se conseguirem sair da escola, por favor, saiam. Eu repito. Alguns alunos estão...

Naquele momento, a voz da professora Park falhou e ela se calou por alguns segundos.

Sentiu sua melhor amiga se mexer para mais perto e deitar a cabeça em seu ombro, algumas lágrimas molhando a manga do uniforme de Yoona. No mesmo instante, Yoona passou o braço ao redor do ombro da mais nova e acariciou o cabelo dela com a mão. ─── Pessoal. Vocês estão bem, não estão? ─── A professora voltou a falar.

Yoona olhou para o chão, sentindo o corpo de Yerim balançar quando soluços silenciosos começaram a sair.

─── Não se machucaram, não é? Eu não sei o que está acontecendo nem o motivo. Mesmo assim, encontrem um lugar seguro e se escondam. Não consigo ajudar. Sinto muito. Não se machuquem, está bem? ─── Os olhos de Yoona se apertaram enquanto ela tentava conter as lágrimas que queriam sair. ─── Vamos continuar vivos para nos reencontrarmos. Tudo bem?

O grupo ficou em silêncio por mais alguns minutos depois que a voz da professora parou de ser transmitida nos autofalantes. Yoona continuava fazendo carinho no cabelo de sua melhor amiga, que aos poucos parava de chorar. ─── Eu vou procurar alguma coisa pra gente usar de arma. ─── Minho falou ao se levantar, andando até a saída do vestiário.

Yoona sabia que era uma desculpa para ele ficar sozinho. Todos eles sabiam muito bem que as raquetes que encontraram mais cedo poderiam ser usadas para isso, mas ninguém o contrariou.

Todos precisavam de um tempo para processar toda aquela merda.

Já era noite em Hyosan. O relógio no celular de Yoona havia marcado uma dez da noite há poucos minutos, e ela estava sentada em um colchonete.

Seus joelhos estavam dobrados e suas costas encostadas no armário atrás de si. Sua mão direita seguravam com força o colar que sempre carregava em seu pescoço ─ o colar tinha uma corrente prata que segurava um potinho preto de plástico, tampado por uma mini rolha de vidro. Era seu amuleto.

Estava perdida em seus pensamentos enquanto repassava os acontecimentos do dia.

Vinte e quatro horas antes ela estava deitada com Yerim, a televisão passando algum episódio de uma das séries favoritas das duas mas que elas não sabiam qual era a esse ponto porque haviam adormecido assim que apertaram o play algumas horas antes. Na manhã estava chateada com sua mãe porque ela não havia dado qualquer sinal de vida para Yoona, e poucas horas depois ela descobriu que sua mãe havia sido mordida.

Na verdade, ela não apenas descobriu como ouviu acontecer.

─── Pega. ─── Yoona piscou os olhos quando uma voz espantou os seus pensamentos. Em sua frente havia uma mão estendida, segurando uma barrinha de cereal. 

─── Obrigada. ─── Agradeceu, pegando a barrinha da mão de Taewon. Enquanto abria a embalagem, o mais velho se sentou no colchonete ao lado dela. Ele ficou quieto enquanto a garota comia, esperando pacientemente. ─── Você já comeu? ─── Perguntou com a voz baixa, quando terminou de comer.

─── Só faltava você, amor. ─── Respondeu. Yoona revirou os olhos, segurando um pequeno sorriso enquanto sentia seu coração bater um pouco mais rápido. Da mesma maneira que sempre acontecia quando ele a chamava assim, embora ela nunca tivesse admitido isso antes. ─── Pode falar. Eu sei que você já tava com saudades.

Ela virou o rosto na direção de Taewon, que estava com o rosto inclinado na direção dela. Ele esperava algum desdém da garota, mas se surpreendeu quando tudo que ela fez foi continuar olhando.

Yoona estava cansada ─ na verdade, estava exausta ─ e ficou feliz, e estranhamente surpresa, ao olhar e perceber que ele estava ali. Quer dizer, era óbvio que ela sabia que ele estava ali, porque os dois haviam passado a tarde inteira juntos com os outros três colegas tentando dar um jeito de continuarem vivos.

Mas aquela era a primeira vez que ela realmente percebia que ele estava ali. Estava vivo.

Novamente, ele continuou em silêncio enquanto olhava Yoona o observando, sentindo seu coração bater tão forte que quase sairia do peito. Havia alguma coisa de diferente no olhar de Yoona, algo agradável e novo, que ele queria muito descobrir o que significava. ─── Yoona-

─── Hora de dormir, galerinha. ─── A voz de Jinyoung surgiu no vestiário, fazendo com que Yoona quebrasse o olhar. Ela se afastou, coçando a garganta. Em poucos segundos, ele apareceu ao lado dos armários na frente da dupla, seguido por Yerim e Minho.

Taewon se sentiu frustrado por terem interrompido o momento, o que quer que tenha sido aquilo, e mais ainda quando Yoona se afastou para deitar no colchonete no extremo canto. ─── Comeu bem, Yerim? ─── Yoona perguntou, olhando sua melhor amiga deitar ao seu lado e acenar com a cabeça. ─── Boa noite. ─── Disse para o restante do grupo.

Os adolescentes se desejaram uma boa noite, se ajeitando em seus colchonetes para tentarem ficar mais confortável. Yoona sentiu sua melhor amiga a abraçar como sempre gostava de fazer, e encostou sua cabeça na de Yerim, fechando os olhos.

Amanhã seria um novo dia.

Yoona sequer se lembrava de acordar durante a noite. Estava tão cansada que dormiu assim que fechou os olhos.

Ao acordar na manhã seguinte, não sabia quanto tempo havia se passado, mas parecia que havia acabado de fechar os olhos quando os abriu novamente. Pequenos e fracos raios de luz entravam pelas janelas no topo da parede do vestiário feminino, refletindo ao encontrar os armários. Ainda devia estar começando a amanhecer, mas Yoona não sentiu vontade de tentar voltar a dormir.

Já era manhã e ela ainda estava deitada no vestiário, o que significava que o dia anterior não tinha sido um sonho.

Yoona se sentou com cuidado para não fazer barulho e atrapalhar algum dos colegas. Se espreguiçou e passou as mãos nos olhos, tentando acordar ainda mais. Olhou para o lado, dando um sorriso fraco ao encontrar Jinyoung e Yerim dormindo juntos em uma posição que com certeza era desconfortável.

Na verdade, qualquer posição seria desconfortável naquela situação. Yoona sentia suas costas reclamando por causa do colchonete, era a mesma coisa de dormir no chão.

No outro lado da junção de colchonetes, totalmente oposto a Yoona, Minho estava dormindo sozinho numa posição igual à do ceifador de Goblin. Ela se questionou se ele se mexia durante o sono, porque nem mesmo seu cabelo parecia desarrumado. Ainda olhando para o lado, percebeu que entre Minho e Jinyoung havia um colchonete vazio. Yoona franziu as sobrancelhas ao olhar ao redor e ver que Taewon não estava no seu campo de visão.

Finalmente, se virou de costas para Yerim e olhou para as mochilas que sua amiga e Jinyoung haviam arrumado no dia anterior. Na frente delas, quatro barrinhas de cereal ─ especificamente de nozes ─ foram colocadas no chão. Felizmente, nenhum deles tinham alergias alimentares.

Depois de contarem a comida no dia anterior, decidiram que seria mais seguro comerem apenas uma barrinha por dia. Não sabiam quanto tempo passariam ali, então era melhor precaver. A única coisa que não racionariam seria água. Na verdade, apenas enquanto estivessem no ginásio, já que poderiam encher as garrafas nos bebedouros a qualquer momento.

Depois de calçar seu tênis, Yoona se levantou com sua barrinha de cereal em mãos e seguiu para fora do vestiário. A primeira coisa que fez foi olhar diretamente para a porta do ginásio. 

A barricada que fizeram ainda estava lá, o que significava que ninguém entrou e ninguém saiu. Nenhum daqueles zumbis também. Duas notícias boas de uma vez.

─── Bom dia, Yoona. ─── Ouviu a voz de Taewon sussurrar. Olhando na direção, encontrou o garoto alguns passos ao lado da porta do vestiário. Ele estava sentado no chão com as costas encostadas na parede.

Yoona andou até ele. ─── Bom dia. ─── Sussurrou de volta, se sentando ao lado dele.

Abriu a embalagem da sua barrinha, tomando cuidado para rasgar apenas metade, e começou a comer. Ela deu um olhar rápido na direção de Taewon, percebendo que ele segurava metade de uma barrinha. ─── Eu achei que isso tinha sido um sonho, e que eu ia acordar na minha cama hoje de manhã. ─── Taewon falou, ainda em voz baixa, enquanto olhava para as próprias mãos.

─── Eu também. ─── Ela respondeu, dobrando a embalagem da barrinha e guardando no bolso de sua calça.

No final da tarde passada, ela havia trocado sua saia por uma calça de ginástica que Minho havia encontrado. Seria desconfortável e estressante ficar correndo por aí e lutando com zumbis de saia, mesmo que ela tivesse torcendo para não ter que fazer nada disso.

─── Você acordou faz muito tempo? ─── Perguntou, após alguns minutos de silêncio.

Ele negou com a cabeça. ─── Um pouco antes de você. Acho que tinham helicópteros por perto. ─── Comentou, rasgando um pedaço da embalagem e amassando na mão, formando uma bolinha.

─── Agora faz sentido eu ter sonhado com isso. ─── Ela resmungou, ouvindo ele dar uma risada anasalada. Depois de alguns segundos, sussurrou. ─── Acha que vão vir para cá?

─── Acho que sim. ─── Ele encostou as costas na parede mais uma vez, virando o rosto para olhar Yoona. ─── A gente pode dar a volta no ginásio e subir no terraço. Com sorte, algum deles vai nos ver quando passar por aqui.

─── Quem? ─── Os dois se assustaram quando a voz de Jinyoung se fez presente ao lado deles. O garoto estava coçando os olhos, encostado na porta do vestiário. Ao lado dele, Yerim apareceu com os olhos um pouco inchados de sono.

Yoona se levantou, indo até a amiga, e ouviu Taewon responder. ─── Tinham helicópteros por perto mais cedo. Talvez eles voltem.

─── Bom dia, unnie. ─── Yerim abraçou a amiga quando Jinyoug se desencostou da porta, deixando Yoona passar. Retribuiu o abraço fazendo um leve carinho no cabelo de Yerim. Sua amiga era quase como um cachorro, se tivesse que ser bem sincera. ─── A gente vai sair daqui? ─── Perguntou, dessa vez olhando para Taewon.

Ele trocou um olhar com Yoona, que se encostou na parede. ─── A gente pode ir no terraço do ginásio e tentar ver se eles voltam e conseguem ver a gente.

─── O terraço daqui é muito baixo. ─── Minho surgiu na porta ─ estranhamente, nem parecia que tinha acabado de acordar. Ele andou e parou ao lado de Jinyoung, olhando para os colegas. ─── É mais fácil sermos vistos no terraço do bloco de salas. 

─── A gente ia ter que chegar no quinto andar pra fazer isso. ─── Yoona falou, mordendo o lábio. ─── A gente pode subir no terraço daqui e pular no telhado do caminho até o bloco de salas. Tem uma janela que dá no corredor do segundo andar, mas ainda assim iam faltar três andares.

Todos permaneceram em silêncio, cada um deles pensando na sugestão de Yoona.

Era um plano arriscado, mesmo que a janela ficasse ao lado do lance de escadas que teriam que subir. O problema era que não tinham como saber se o caminho das escadas estaria livre. Era arriscado contar com a sorte, mesmo que fosse a única coisa que eles tivessem naquele momento.

─── Ah, ah, ah! Teste. Som. Um, dois, três. ─── Uma voz começou a sair pelos autofalantes da escola, assim como no dia anterior. A diferença era que, dessa vez, Yoona reconheceu a voz de Daesu, um dos garotos da sua turma. ─── Cheongsan, está aí?

Os estudantes se encararam, tentando entender o que estava acontecendo.

─── Cheongsan, você nos ouve? ─── Assim que Yoona ouviu a voz de Suhyeok, sentiu seus olhos começarem a lacrimejar de novo. Ele estava vivo e estava com Daesu. Talvez outros da sua turma também sobreviveram. ─── Nós vamos até aí, então não se mexa. Sei o que vai dizer, mas não dá pra ouvir daqui. Então não vá a lugar nenhum. Nos espere.

A mão de Yerim apertou a de Yoona. Ao olhar sua amiga, viu o brilho nos olhos dela e um sorriso decorando seu rosto. Yoona deu um pequeno sorriso de volta. As duas garotas e Suhyeok eram próximos desde a infância. Tinham inúmeras memórias juntos e era um alívio saber que ele estava, aparentemente, bem.

E então a voz de Onjo começou a sair pelos autofalantes. ─── Cheongsan. Por favor, não saia daí. Você nunca me ouve, mas ouça desta vez.

─── Que merda tá acontecendo? ─── Jinyoung perguntou, olhando confuso para o autofalante da escola.

─── Eles estão na sala de transmissão. A gente tem que ir até lá! ─── Yerim exclamou, segurando o braço de Yoona e olhando nos olhos da amiga. ─── Se formos rápidas, vamos alcançar eles!

Yoona engoliu em seco, desviando o olhar para Taewon.

Ela não sabia o que fazer. Por mais que quisesse se juntar aos seus amigos, tinha medo do que aconteceria no caminho e Taewon enxergou isso quando seus olhares se encontraram. Ele viu a indecisão escondida nos olhos castanhos de Yoona. ─── A gente pode tentar, mas tem que ser rápido. ─── O terceiranista disse, ainda olhando para ela.

─── Então, o que estamos esperando? ─── Jinyoung perguntou, fazendo todos olharem para ele. ─── Que foi? Quanto mais gente, mais fácil sobreviver.

Yoona olhou ao redor do vestiário mais uma vez. Queria confirmar que não tinham esquecido nada antes de saírem dali. ─── Onde tão as mochilas que vocês arrumaram ontem?

─── Aqui, capitã. ─── Jinyoung virou de costas, apontando para a mochila nas próprias costas e nas de Yerim.

Sem mais espera, os adolescentes se dirigiram para fora do vestiário, chegando na quadra. Os colchonetes e os carrinhos estavam onde eles haviam colocado no dia anterior, segurando a porta fechada. ─── Cada um tá com uma raquete? ─── Taewon perguntou enquanto andava até a porta, olhando pela fresta que haviam deixado.

Atrás dele, Yoona fazia o mesmo. Parecia que o som dos helicópteros estava atraindo os zumbis, deixando o caminho deles livres. Já devia ter imaginado que isso aconteceria, afinal uma das coisas que toda ficção de zumbis tinham em comum era o fato deles serem atraídos pelo som. ─── Vamos fazer isso rápido.

Juntos, os cinco adolescentes afastaram os carrinhos e tiraram os colchonetes. Olhando novamente pela porta para conferir o caminho, Taewon se virou para os outros e começou a contar até cinco com os dedos. Assim que chegou no cinco, o garoto tirou a raquete que segurava a porta e abriu uma das duas portas.

Tentando não chamar atenção dos infectados na distância, que haviam se acumulado em um lado do pátio ─ onde os autofalantes tocavam uma fita estranha ─, os cinco andaram o mais rápido que podiam sem fazer barulho. Para o azar deles, Minho esbarrou em uma das latas de reciclagem que ficavam na virada do ginásio.

Aquilo chamou a atenção dos zumbis mais próximos, que começaram a correr até

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