𝘤𝘪𝘯𝘲𝘶𝘦𝘯𝘵𝘢 𝘦 𝘥𝘰𝘪𝘴.

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ꕤ.

Me deito na cama e espero Arthur se trocar para deitar também.

Depois do piquenique nós passamos na casa do Arthur para eu me despedir dos pais dele e da Flávia e do João. O garoto aproveitou para pegar uma roupa para ele dormir aqui em casa.

Lucas que tinha ido nos buscar no lago, então ele que nos levou na casa do Arthur e também nos trouxe para casa. Eu tomei um banho e fiquei escolhendo uma série enquanto o Arthur tomava um banho também.

— Sua mala tá no jeito?

— Sim, Arthur. Você já me perguntou isso milhares de vezes — ele ri.

— Desculpa — pede. — É que eu não quero que você esqueça nada.

— Não vou esquecer — garanto. — De importante eu só to deixando minha família para trás — ele ri.

— E o seu namorado, né.

— Que é da família — completo.

— Ih, é — nego com a cabeça.

Arthur termina de secar o cabelo com a toalha e, depois de pendurar ela, se deita ao meu lado.

— Acho que eu vou sentir saudades de você — ele diz e eu me viro em sua direção.

— Eu acho que eu não vou sentir não — dou de ombros e o garoto me puxa para perto.

— Acha é? — pergunta, com um tom de ironia na voz.

— Eu acho.

— Então vou para casa — ele ameaça levantar e eu o puxo de voltar.

— Tá doido, é? — o garoto ri. — Só te segurei aqui porque tá tarde e criança não pode andar sozinha na rua essas horas — invento isso e ele revira os olhos. — Aliás, criança já devia estar dormindo a muito tempo.

— Vai dormir então, vai, criança. Amanhã você acorda cedo.

— Achei que a gente ia assistir série — faço biquinho e ele me dá um selinho rápido.

— Só um pouco, então — ele concorda e eu sorrio.

Me ajeito em seu peito e ele toma o controle para escolher a série que vamos ver.

Ficar longe do Arthur não vai ser uma tarefa muito fácil. Convivemos juntos a quase um ano, dormimos juntos quase sempre, ele é uma parte especial do meu dia. Já estou com saudades.

Mas eu também sinto saudades de Fortaleza. Das pessoas de Fortaleza. De quem eu era em Fortaleza.

Pensar na minha vida antes de tudo é muito estranho. Eu era tão feliz. Não que agora eu não seja, mas antes era uma felicidade tão genuína, eu me sentia tão bem.

Hoje em dia sei que não consigo ser feliz sozinha. É algo pessoal, mas sozinha eu não me sinto bem, não me sinto feliz.

Por sorte encontrei as pessoas certas para estarem ao meu lado o tempo todo. Arthur, Alana, Henrique, meus pais, meu irmão, o Davi, a May, os meninos e as meninas. Eles todos são tudo para mim.

Assistimo somente um episódio da série, mas nenhum dos dois prestou atenção em nada.

— Quer colocar alguma outra coisa? — pergunto antes de bocejar.

— Não, você já está cansada — resmungo.

— Essa série chata me deixou com sono — ele ri fraco.

— Então vamos continuar vendo essa — eu olho para ele, sem entender. — Coloquei a primeira série que vi no catálogo e tive certeza que você não iria gostar, só para você dormir.

— Nossa, mano — viro para a televisão. Eu nem vi o nome da série, mas realmente é bem chatinha.

Abaixo um pouco a temperatura do ar-condicionado e puxo a coberta.

— Se você vai se cobrir, para que o ar? — o garoto questiona e eu paro meus movimentos para olhar para ele.

— Você tá questionando muito hoje, né — ele ri. — Não gosto de dormir sem coberta, você já devia saber. A gente dorme junto a tanto tempo.

— É que eu acho essas suas manias muito estranhas — dou de ombros. Me cubro e ele pega um pedaço da coberta também. — Além de ligar o ar, deixa frio.

— Essa é a intenção. Ficar frio o suficiente para precisar se cobrir.

— Depois fica doente não sabe o porquê.

— Shiu, assiste a série — viro para a televisão só para fazer charme, porque não vou assistir. Bocejo novamente e esfrego os olhos.

Arthur me puxa para si e distribui beijinhos pelo meu rosto.

— Eu vou sentir tanta saudade de você, meu Deus — ele sussurra, a cabeça na curva do meu pescoço, seu hálito quente em minha pele.

— Eu também — sussurro de volta. — Você não faz ideia do quanto.

Adormeci nessa posição, pensando no quanto esse pequeno momento é importante para ambos.

[…]

Meu despertador toca e eu acordo extremamente sonolenta. Sem saber nem que dia é hoje e onde estou, mas me localizo quando vejo o recado no alarme e sinto o Arthur abraçado em mim.

Meu peito aperta quando penso que, por um curto tempo, estarei sem ele. Parece até que vou me mudar definitivamente para Fortaleza, mas não. serão só algumas semanas.

Me desvencilho dos braços dele sem o acordar e vou ao banheiro. Tomo banho, lavo o cabelo, escovo os dentes e volto para o quarto. Arthur ainda está dormindo.

Me troco, colocando uma roupa mais confortável, e dou uma última olhada na minha mala. Se eu esquecer alguma coisa, vou ter que comprar lá.

Vejo que ainda tenho uma hora antes do voo, então, no máximo, meia hora até sair de casa. Me sento na cama ao lado de Arthur e ele suspira.

Arthur é lindo. Muito lindo.

Eu amo cada detalhe dele.

Contorno os traços de seu rosto sem tocar ele de verdade. Quando o garoto se mexe na cama eu percebo que preciso acordá-lo logo para não me atrasar.

Viro seu delicado rosto para mim e começo a distribuir beijos por todo lado. Quando Arthur resmunga eu sei que ele acordou.

— Bom dia vida — sussurro e lhe dou um selinho rápido. O garoto abre os olhos minimamente, apenas para me localizar completamente, e vem até mim, se agarrando a minha cintura.

— Bom dia — resmunga. Sua voz abafada pela minha barriga faz com que eu não entenda o apelido carinhoso que ele usou.

— Tenho que ir — digo, com o peito apertado, e ele levanta a cabeça para me olhar.

— Ah, sim. Tinha me esquecido o propósito de estar acordando tão cedo — Arthur levanta e, antes de se dirigir ao banheiro, segura meu rosto e me dá um selindo rápido.

Enquanto ele se ajeita eu arrumo minha cama e levo minhas coisas lá para baixo.

— Está pronta, pequena? — minha mãe questiona. Assinto, com um sorriso fraco. Explico que estou apenas esperando o Arthur e ela assente, indo colocar minha mala no carro do meu pai.

Lucas também está ajudando. Mayara tenta ajudar, mas Davi não deixa. Meu pai está organizando as coisas no porta-malas para caber tudo. Que caos.

Subo novamente e bato na porta antes de entrar. O quarto é meu mas ele pode muito bem estar pelado ali dentro, e não quero ver isso logo cedo.

Arthur pede que eu entre e assim o faço.

— Está pronta? — assinto.

— Só esperando você — digo. Arthur junta suas roupas sujas em sua mochilinha e vem até mim.

— Tem lugar dentro da sua mala?

— Para a sua mochila? Acho que não. E também ficaria ruim para pegar depois... — o garoto sorri.

— Estou querendo dizer para mim — rio da minha inocência.

— Acho que tem sim, você é pequeno, cabe lá — o garoto cruza os braços.

— Acabou a graça — rio e saio do quarto. Ele vem atrás de mim e fecha a porta após sair.

Descemos juntos e logo já estávamos todos nos carros.

Vamos para Fortaleza: eu, Lucas, May, Davi e minha mãe. Meu pai tem que trabalhar, então vai ficar.

— Uma pena eu não conseguir me despedir da Alana e do Henrique direito — lamento quando estacionamos no aeroporto. Ontem a noite nós fizemos uma vídeo chamada para eu dizer tchau.

Alana disse que ainda estava em Paris e o Henrique não mencionou nada, mas acho que ele ainda não voltou também.

— Tenho certeza que, se eles estivessem aqui, viriam se despedir — meu pai me abraça de lado.

Fizemos o check-in no aeroporto e despachamos nossas malas. Já estava quase tudo pronto para irmos, então era a hora de se despedir.

Meu pai e o Arthur tinham ido buscar alguma coisa para a gente comer, já que eu nem tomei café da manhã.

Quando eles voltam eu me viro para minha mãe.

— Vou me despedir do papai e do Arthur, ta?

— Só deles? — ela pergunta, com um sorriso no rosto, e eu me viro na direção que ela está olhando.

Um pouco mais para o lado, na direção da entrada, vejo um grupo grande de pessoas, e, aos poucos, vai ficando claro quem é quem.

Alice, Nara, Jon, Dacruz, Lucca, Dionis, Next. Ao fundo consigo ver mais duas pessoas: Alana e Henrique.

Meu rosto se ilumina no mesmo instante e eu sorrio, animada. Eles estão mesmo aqui!!!!

Corro na direção deles e sou recebida com um abraço coletivo.

— Meu Deus, não acredito que vocês estão aqui! — eles dão risada.

— Sentiu saudades? — Alana pergunta e eu reviro os olhos, antes de abraçar ela com força.

— Óbvio! — respondo, sem soltar ela. Ouço alguém fingir uma tosse atrás de mim e me viro para Henrique. Ele está com os braços abertos e um sorriso que diz "me desculpa?". Não resisto a essa cara e lhe dou um abraço também.

— Acho que mais três semanas sem te ver eu chorava — rio da maneira exagerada do garoto.

— Também senti saudades.

Andamos até o resto do pessoal e, vendo todos juntos e reunidos, percebi que é muito mais do que não me sentir sozinha. Com eles eu me sinto em casa.

Eu pensava que casa era um local com quatro paredes e um teto; mas descobri que casa é onde você se sente segura, acolhida. Eles são minha casa. Meu lar.

Sinto minhas bochechas molhadas e percebo que estou chorando.

— Oh meu amor, não fica assim — Nara me puxa para um abraço. — Já já vocês estão de volta.

— Não estou chorando por isso — sussurro em meio às lágrimas.

— Ah não? — Lucca pergunta e eu nego. — É por que, então?

— Porque eu percebi que vocês são meu lar — todos estão me olhando, ouvindo atentamente o que eu tenho a dizer. — Quando estou com vocês, me sinto em casa. Não importa onde seja. Todos vocês são importantes para mim. E eu amo muito vocês — concluo e Arthur vem me abraçar.

— Ei, eu te disse que não era para me fazer chorar — sorrio com o rosto molhado.

— Não sou de obedecer os outros — sinto ele sorrir também. — Eu te amo muito.

— Eu também te amo muito — sussurro de volta.

Ficamos naquele abraço, em silêncio, até a voz da moça dgo aeroporto fazer uma nova chamada para o meu vôo.

Me solto dele e olho para todos ao redor.

— Eu já disse que amo vocês? — eles dão risada e assentem. — Mais uma vez não faz mal então: eu amo muito muito muito muito muito vocês, ok?

— A gente também te ama, Valen — Jon diz.

— É, muito muito muito muito — Dacruz afirma.

— Muito — Alana completa e eu sorrio.

— Obrigada — agradeço. — Obrigada por mudarem a minha vida — abraço todos juntos.

A voz da moça invade nosso abraço para fazer a última chamada para o nosso vôo e eu sorrio. São só algumas semanas, vai ficar tudo bem.

Nos abraçamos um por vez e apenas nós cinco nos dirigimos a aeronave gigante. Senti metade de mim ficando para trás, naquele enorme grupo abraçado que dava tchauzinho em nossa direção.

Saudade é o primeiro sentimento que se senta ao acordar, é o último que se sente antes de fechar os olhos. É o que se sente ao lembrar de um olhar, é o que se sente ao lembrar de um abraço.

Já sinto saudade do meu lar.

esse capítulo demorou séculos para sair e eu nem posso dizer que foi um dos melhores que eu já escrevi, mas o maior foi! quase 2000 palavras, mano.

sinto em lhes informar que esse é o penúltimo capítulo💔
vai doer dar tchau, mas todos nós sabemos que o mundo é assim. nada é para sempre.

como vocês estão? me contem! :)

senti saudades.

críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas se for me ofender peço que guarde sua crítica para você! obrigada <3

não se esqueçam da estrelinha, ajuda muito! :)


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