Observei o príncipe dormir pelo resto da noite, não por preocupação, mas por desconfiança. A cada tremor que percorria seu corpo, a cada gemido incoerente que escapava de seus lábios, eu me perguntava se não estava cometendo o maior erro da minha vida.
O Açougueiro de Nevaral sob meu teto. A ironia não me escapava.
Quando as primeiras luzes da manhã começaram a penetrar pelas frestas das tábuas, levantei-me silenciosamente do canto onde havia me aninhado. Não que eu tivesse dormido. O sono era um luxo que raramente me permiti na presença de estranhos – e nunca na de inimigos.
— Quanto tempo pretende fingir que ainda está dormindo, Príncipe? — perguntei, minha voz cortando o silêncio da manhã.
Helios abriu os olhos imediatamente, sem a confusão de quem acaba de despertar. Estivera consciente há algum tempo, então. Observando-me tanto quanto eu o observava.
— Hábitos antigos, — respondeu ele, lentamente sentando-se. Sua cor havia melhorado consideravelmente, embora ainda estivesse longe de sua glória solar habitual. — Na corte, revelar quando se está realmente desperto pode ser... perigoso.
— Imagino que sua corte e a minha sejam bastante diferentes, — comentei secamente. Na Floresta de Obsidiana, nossas políticas eram diretas – se alguém quisesse te matar, raramente se daria ao trabalho de esperar que você dormisse.
Ele se levantou com cuidado, testando sua força. O tremor em sua mão direita estava mais pronunciado esta manhã – a abstinência da Essência Solar estaria atingindo seu auge em breve.
— Quanto tempo? — perguntei, indicando sua mão com um movimento de cabeça.
Helios seguiu meu olhar e fechou o punho, como se pudesse esconder o tremor por pura força de vontade. — Desde que deixei o Império. Cinco dias.
— Impressionante. A maioria dos viciados em Essência não consegue passar de três sem enlouquecer.
— Não sou viciado, — disse ele, um traço de irritação em sua voz. — É uma... ferramenta. Um amplificador necessário para certos tipos de magia.
Bufei. — É o que todos os viciados dizem. Uma "ferramenta". Uma "necessidade". Um "auxiliar temporário".
Ele não respondeu, ocupando-se em ajeitar suas vestes amarrotadas com dignidade exagerada. Arrogância imperial até mesmo nos confins de uma cabana decrépita. Típico.
— Temos um longo caminho pela frente, — disse eu, reunindo os poucos pertences que mantinha na cabana. — A Floresta fica a quatro dias daqui a pé.
— Não temos quatro dias, — contestou Helios. — A cada hora, mais Brechas se abrem. Mais pessoas desaparecem.
Parei e virei-me para encará-lo. — E o que sugere, Alteza? Que eu nos arraste através do Reino das Sombras novamente? Você mal sobreviveu da última vez, e não tive tempo suficiente para me recuperar completamente.
Ele se aproximou, algo mudando em sua postura. — Há uma terceira opção.
Observei com desconfiança enquanto ele retirava algo de dentro de suas vestes — um objeto pequeno, envolto em tecido dourado. Quando o descobriu, vi um cristal perfeito, do tamanho de uma noz, brilhando com luz própria.
— Um Cristal Solar, — reconheci, involuntariamente dando um passo para trás. Aqueles artefatos eram criados com magia de luz em sua forma mais pura, canalizada através do sangue de praticantes sacrificados.
— Sim, — confirmou ele. — Poderoso o suficiente para nos transportar instantaneamente para qualquer lugar que eu já tenha visitado pessoalmente.
Estreitei os olhos. — Você nunca esteve na Floresta de Obsidiana.
Um sorriso leve tocou seus lábios. — Não sua parte dela. Mas estive nas bordas exteriores, durante... — ele hesitou, aparentemente escolhendo as palavras — durante minhas campanhas.
A lembrança de vilas em chamas fez minhas sombras se agitarem involuntariamente. Respirei fundo, forçando-as a recuar.
— E o preço? — perguntei. — Cristais Solares não são lâmpadas comuns. Eles exigem pagamento.
— Já foi pago, — respondeu ele, seu tom subitamente distante. — Na criação.
Algo em sua expressão me fez pensar que havia mais naquela história, mas decidi não pressionar. Não por enquanto.
— Então por que ainda não o usou? — desafiei. — Por que se arrastar até uma taverna nas Terras Contestadas quando poderia simplesmente aparecer na minha porta?
— Porque isso — ele ergueu o cristal — só funciona para retornar a lugares que já visitei. Não para encontrar pessoas que nunca encontrei. E porque...
— Porque? — pressionei quando ele hesitou.
— Porque usar isto perto de uma Brecha é perigoso. Luz concentrada parece... atraí-las. Expandi-las.
Cruzei os braços. — Então você cruzou meio continente para me encontrar, carregando um objeto que poderia instantaneamente nos levar de volta, mas não ousou usá-lo até ter certeza de que eu colaboraria?
— Algo assim, — admitiu.
— E agora sugere que usemos esta... abominação para viajar para as bordas da Floresta?
— A menos que prefira quatro dias de caminhada enquanto mais pessoas morrem.
Eu queria recusar por princípio. Cristais Solares representavam tudo que desprezava no Império – poder construído sobre sacrifício alheio, magia pervertida para conveniência dos privilegiados. Mas ele tinha razão quanto ao tempo. E eu não estava em condições de realizar outro salto através do Reino das Sombras tão cedo.
— Como funciona? — perguntei finalmente.
Helios pareceu momentaneamente surpreso com minha concordância, mas recuperou-se rapidamente. — Precisamos estar em contato físico. Eu ativo o cristal com um pensamento, direcionando-o para o local desejado. A transição é... desagradável, mas rápida.
— Desagradável como?
Um traço de desconforto cruzou seu rosto. — Para um praticante das sombras? Provavelmente como ser mergulhado em luz pura por alguns segundos. Pode queimar, mas não causará danos permanentes.
— Reconfortante, — murmurei sarcasticamente.
Ele estendeu a mão livre, palma para cima. Um convite silencioso. Olhei para ela com desconfiança justificada.
— Se eu quisesse te trair, — disse ele suavemente, — teria sido muito mais fácil simplesmente deixar você no Reino das Sombras ontem à noite.
— Você teria morrido lá.
— Um preço que muitos no Império considerariam aceitável para eliminar a última grande praticante das sombras.
A sinceridade em sua voz era perturbadora. Ele estava certo, é claro. Qualquer um de seus generais teria aceitado essa troca sem hesitação.
Relutantemente, estendi a mão e toquei seus dedos. Sua pele estava quente – não febril, mas com aquele calor natural dos praticantes da luz, como se um pequeno sol queimasse constantemente dentro dele.
Seus dedos fecharam-se firmemente ao redor dos meus. — Feche os olhos, — aconselhou. — Torna a experiência menos... intensa.
Mantive meus olhos abertos deliberadamente. — Eu prefiro ver o que está por vir, Príncipe.
Um suspiro resignado. — Como quiser.
Helios levantou o cristal entre nós, segurando-o na altura dos olhos. Por um momento, nada aconteceu. Então, de repente, o cristal começou a pulsar, seu brilho aumentando rapidamente até se tornar quase insuportável. Uma luz dourada, muito diferente das chamas naturais ou do sol. Esta luz parecia conscientemente hostil às sombras – às minhas sombras.
Senti minha pele formigar dolorosamente, como se minúsculos agulhas incandescentes estivessem sendo pressionadas contra cada poro. Meus olhos ardiam, mas mantive-os abertos por pura teimosia. Vi Helios me observando através do brilho cegante, seus próprios olhos dourados refletindo a luz do cristal até se tornarem quase incandescentes.
Então o mundo ao nosso redor começou a se dissolver. A cabana, as árvores além, o próprio chão sob nossos pés – tudo se transformou em partículas douradas que rodopiavam como um ciclone de luz. A dor aumentou, e senti como se minha própria essência estivesse sendo desmontada, analisada e remontada por mãos hostis.
O grito ficou preso em minha garganta, que já não existia como antes. Éramos apenas consciência envolta em luz agora, viajando a velocidades impossíveis através do tecido do próprio Ébano.
E então, tão abruptamente quanto começou, acabou. Meus pés atingiram terra sólida, e cambaleei para frente, apenas para ser estabilizada pelos reflexos rápidos de Helios, que me segurou pelo cotovelo.
Arranquei meu braço de seu aperto, cambaleando alguns passos para recuperar o equilíbrio por conta própria. Minha pele ainda formigava, e podia jurar que fumaça sutil se elevava de minhas roupas.
— Você poderia ter avisado sobre a intensidade, — acusei, quando finalmente recuperei o fôlego.
— Eu tentei, — respondeu ele, parecendo genuinamente arrependido. — Para praticantes da luz, é uma sensação revigorante. Esqueci que para você seria... diferente.
Olhei ao redor, reconhecendo nossa localização imediatamente. Estávamos na clareira onde antes existira a vila de Nerith – um dos primeiros alvos da campanha de "purificação" de Helios. Nada restava da vila agora, apenas um grande círculo de terra queimada onde nada havia voltado a crescer em todos esses anos. As árvores ao redor, no entanto, eram inconfundíveis – os primeiros carvalhos negros que marcavam o início da Floresta de Obsidiana.
— De todos os lugares nas bordas da Floresta, — disse lentamente, voltando-me para encará-lo, — você escolheu justamente este.
Ele guardou o cristal, agora opaco e sem brilho, de volta em suas vestes. — Era o único ponto que eu conhecia com precisão suficiente para garantir uma chegada segura.
— Precisão, — repeti, a palavra amarga em minha boca. — Sim, sua campanha aqui foi notavelmente precisa. Nem uma única cabana deixada de pé. Nem uma única criança poupada.
Algo escureceu em seus olhos dourados. — Você carrega muitos pressupostos sobre mim, Nia. Sobre minhas ações.
— Não são pressupostos quando se testemunha com os próprios olhos.
— E você viu tudo? Do início ao fim?
Desviei o olhar. A verdade era que não. Eu tinha visto apenas o resultado final – as cinzas, os corpos. A devastação. Tinha escutado os relatos dos poucos sobreviventes. Tinha presumido o resto.
— Achei que não, — disse ele suavemente, interpretando meu silêncio como resposta.
— Não tente reescrever a história, Príncipe, — adverti. — Não quando as provas estão sob nossos pés.
Ele olhou para o círculo de terra morta, algo indefinível passando por seu rosto. — Algum dia, quando confiar em mim o suficiente para realmente escutar, contarei o que aconteceu aqui. O que realmente aconteceu.
— Não contenha a respiração esperando por esse dia.
Virei-me e comecei a caminhar em direção à floresta propriamente dita, onde as árvores se tornavam mais densas e negras. Não precisei olhar para trás para saber que ele me seguia – podia sentir sua presença luminosa como uma coceira irritante entre minhas omoplatas.
À medida que avançávamos, a luz do dia começou a diminuir, mesmo sendo ainda manhã. As árvores da Floresta de Obsidiana não eram como quaisquer outras em Ébano. Suas cascas e folhas, negras como a noite mais profunda, absorviam luz em vez de simplesmente bloqueá-la. Quanto mais nos aprofundávamos, mais escuro ficava.
Helios permanecia estranhamente silencioso atrás de mim. Quando finalmente olhei por sobre o ombro, vi que sua pele começava a emitir um brilho suave, quase imperceptível – uma reação instintiva dos praticantes da luz quando se encontram em escuridão profunda.
— Controle isso, — adverti. — A floresta responde à luz de maneiras desagradáveis.
Ele assentiu rigidamente, visivelmente concentrando-se para suprimir o brilho. A tensão em seu rosto era evidente.
— A última vez que esteve cercado por tanta escuridão foi no Reino das Sombras, não é? — perguntei, uma parte de mim deleitando-se com seu desconforto.
— Não, — respondeu ele, surpreendendo-me. — Houve outros momentos. Outros lugares.
Algo em seu tom me impediu de pressionar. Em vez disso, continuei guiando-o mais fundo no território das sombras.
Após cerca de uma hora de caminhada em silêncio, chegamos a uma bifurcação no que dificilmente poderia ser chamado de trilha. Para olhos não treinados, não havia caminho algum, apenas floresta densa em todas as direções. Mas eu conhecia estes bosques como conhecia meu próprio corpo.
Parei, considerando nossas opções.
— Problema? — perguntou Helios, mantendo uma distância respeitosa.
— Estou decidindo se devo levar você pelo caminho mais curto ou pelo mais seguro, — respondi honestamente.
— Defina "seguro".
Olhei para ele, um sorriso sem humor curvando meus lábios. — O caminho à esquerda nos levaria diretamente ao coração da Floresta em apenas meio dia. Também passa pelo Bosque dos Lamentos, onde as árvores se alimentam de memórias. Particularmente memórias dolorosas.
Seu rosto permaneceu impassível. — E o outro caminho?
— Três dias até o coração. Evita as áreas mais... hostis.
— Se tempo é essencial, como você mesma sugeriu...
— Não se trata apenas de tempo, — interrompi. — O Bosque dos Lamentos não é simplesmente perigoso. Ele... revela. Coisas que preferimos manter escondidas.
Compreensão surgiu em seus olhos. — Você está me protegendo ou se protegendo?
A pergunta me pegou desprevenida com sua perspicácia. — Ambos, talvez.
Ele deu um passo à frente, seu rosto determinado. — Sou responsável por minhas ações e memórias, por mais dolorosas que sejam. Se o caminho mais curto é através desse bosque, então é por ele que devemos ir.
Estudei-o por um momento, tentando decifrar se era bravata ou coragem genuína. — Como quiser. Mas não diga que não avisei.
Viramos à esquerda, e quase imediatamente percebi a mudança sutil na floresta ao nosso redor. O ar tornou-se mais denso, quase viscoso. Os troncos das árvores pareciam se curvar ligeiramente em nossa direção, como se observassem nossa passagem. A temperatura caiu vários graus.
— Um conselho, — disse sem olhar para trás. — Não toque nas árvores. Não pare de andar, não importa o que veja ou ouça. E acima de tudo, não responda a nenhuma voz que não seja a minha.
— Vozes? — A primeira nota de verdadeira apreensão em sua voz.
— O Bosque dos Lamentos ganhou seu nome por um motivo, Príncipe.
Avançamos mais fundo, o silêncio ao nosso redor tornando-se opressivo. Nem pássaros, nem insetos, nem mesmo o farfalhar de folhas ao vento. Apenas o som de nossos passos e respiração.
Então, começou. Primeiro como um sussurro tão baixo que poderia ser confundido com imaginação. Depois, mais distinto – vozes chamando nossos nomes.
Senti Helios enrijecer atrás de mim, mas continuei caminhando firmemente. O truque era manter-se em movimento. Parar significava permitir que as vozes se aproximassem, que as memórias ganhassem forma.
— Nia...
A voz de minha mãe, perfeita como se ela estivesse ao meu lado. Fechei os olhos brevemente, forçando-me a ignorá-la.
— É normal, — disse em voz alta para Helios. — Não responda. Não olhe.
— Helios... meu filho...
Ouvi sua respiração falhar por um instante, e seu passo vacilou. Virei-me rapidamente, agarrando seu braço. — Olhe para mim, — ordenei. — Apenas para mim.
Seus olhos estavam desfocados, olhando para algum ponto além do meu ombro. Apertei seu braço com mais força, minhas unhas afundando-se através do tecido.
— Helios. Olhe para mim.
Lentamente, seu olhar voltou-se para o meu. O dourado de seus olhos parecia embotado, como metal sem polimento.
— É apenas o bosque, — disse, mantendo minha voz firme. — Ele se alimenta de memória e dor. Não é real.
— Parece real, — respondeu ele, sua voz quase infantil em sua vulnerabilidade.
— Eu sei. Por isso devemos continuar andando. Não pare, não olhe, não responda.
As vozes cresceram ao nosso redor, um coro de lamentos e súplicas que parecia vir de todas as direções. O bosque havia desenvolvido um gosto por nós – raramente tinha visitantes com tanta dor enterrada dentro deles.
Continuamos avançando, agora lado a lado. Percebi que ainda segurava o braço de Helios e o soltei abruptamente, como se tivesse sido queimada.
— Nia... por que nos abandonou? Você prometeu voltar...
A voz de minha irmã mais nova, que eu não ouvia há dezesseis anos. Senti lágrimas queimarem nos cantos dos meus olhos e pisquei furiosamente para afastá-las.
— Príncipe... por favor... misericórdia...
Um coro de vozes desconhecidas para mim, mas claramente familiares para Helios. Seu rosto havia perdido toda cor, e seu corpo inteiro tremia agora. Não apenas a mão.
— Quase lá, — murmurei, tanto para ele quanto para mim mesma. — O centro do bosque é o pior. Depois fica mais fácil.
Não era exatamente uma mentira. O centro era o pior... até chegarmos ao outro lado.
À medida que avançávamos, a neblina começou a se adensar ao nosso redor, e nela, formas começaram a se materializar. Sombras humanas, algumas pequenas como crianças, outras adultas. Todas imóveis, observando-nos passar.
— Não olhe para elas, — adverti quando senti Helios hesitar novamente.
Mas era tarde demais. Ele parou completamente, seu olhar fixo em uma das figuras na neblina – uma mulher alta e elegante, com cabelos dourados idênticos aos dele, usando vestes reais.
— Mãe? — sussurrou, a palavra escapando antes que pudesse contê-la.
A figura sorriu, um sorriso terrível que se expandiu além dos limites naturais de um rosto humano. Seus olhos, inicialmente normais, começaram a escorrer uma substância negra como alcatrão.
— Meu pequeno príncipe, — disse ela com uma voz que começou materna e terminou como o arranhão de galhos contra vidro. — Por que você nos matou? Por que destruiu tudo?
Helios deu um passo involuntário em direção à aparição. Agarrei seu braço novamente, puxando-o com força. — Não é ela! — gritei. — Não é real!
Mas ele parecia hipnotizado, seus olhos fixos na figura que agora estendia braços impossivelmente longos em sua direção.
— Nós fizemos tudo por você, — continuou a aparição. — Sacrificamos tudo. E você nos recompensou com traição.
Percebi o perigo imediatamente. O bosque estava usando algo poderoso contra ele – não apenas memória, mas culpa. Se conseguisse atraí-lo para longe da trilha...
Sem pensar duas vezes, plantei-me entre Helios e a aparição. — Olhe para mim! — exigi, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Helios! Olhe para mim agora!
Seus olhos lentamente focaram-se nos meus, ainda nublados pela influência do bosque. Fiz a única coisa que pensei que poderia chocá-lo de volta à realidade – puxei uma pequena quantidade de sombra pura das árvores ao nosso redor e a dirigi para dentro dele.
O efeito foi instantâneo. Ele arquejou, seus olhos clareando com a dor súbita e o choque. A infusão forçada de magia das sombras era como jogar água gelada em alguém adormecido.
— O que... o que foi...? — balbuciou.
— Você estava se perdendo para o bosque, — respondi, já o puxando para continuar andando. — Temos que sair daqui. Agora.
As figuras na neblina tornaram-se mais agressivas então, percebendo que estavam perdendo suas presas. Começaram a se mover em nossa direção, suas formas se distorcendo em ângulos impossíveis, suas vozes se fundindo em um único lamento terrível.
— Corra, — instruí, apertando o passo. — Não olhe para trás. Apenas corra!
Começamos a correr pela trilha estreita, galhos arranhando nossos rostos e braços enquanto passávamos. As vozes atrás de nós cresceram em volume e fúria, uma cacofonia de dor e acusação. A neblina espessou-se ainda mais, dificultando a visão além de alguns passos.
Tropecei em uma raiz, quase caindo, mas Helios me pegou
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