hebraicomikhayah
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Ester sempre teve uma armadura invisível que a acompanhava por onde ia. Era algo que apenas ela sentia, como uma barreira constante entre ela e o mundo. Afastava as pessoas ao menor sinal de proximidade; bastava uma palavra dita no tom errado ou um erro mínimo para que ela se distanciasse. Embora quisesse se libertar desse escudo e pudesse até descrever cada passo para superá-lo - graças a anos de terapia - a prática parecia insuportavelmente dolorosa.Apesar de entender suas emoções e seus padrões de autossabotagem, a sensação de entregar-se ao afeto a paralisava. Com o tempo, ela passou a evitar relacionamentos íntimos e as dores que, acreditava, eram inevitáveis. Em cada tentativa de aproximação, Ester lutava para não recuar, mas sempre parecia ceder ao impulso. Não queria mais sofrer, mas, ironicamente, sua escolha de afastamento era uma das fontes de sua solidão e dor.Certo dia, Ester conheceu alguém diferente, alguém que, sem grandes declarações ou promessas, a fez se sentir mais segura. Esse alguém não tentou quebrar suas defesas, mas pacientemente as respeitou. Pela primeira vez, Ester percebeu que, para amar e ser amada, precisaria ser vulnerável - encarar o medo e a ansiedade sem se permitir ser dominada por eles.Sabia que não seria fácil. Cada momento de aproximação era um teste, uma batalha interna. Na teoria, ela compreendia tudo, mas a prática continuava a ser sua maior prova. Ela sabia que, se quisesse ser feliz de verdade, teria de permitir-se a incerteza e o risco que vêm com o amor. Teria de confiar sem garantias, expor suas fragilidades, e talvez, aos poucos, abandonar a armadura.Ester ainda tem um longo caminho pela frente, mas agora entende que a felicidade, a real felicidade, exigirá que ela enfrente seus medos e permita que o amor entre em sua vida. Porque, por mais difícil que seja, ela começa a aceitar que apenas com o coração aberto ela poderá descobrir o que é, de fato, viver plenamente.…