20º Capítulo: Black Jack.

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POV Claire

Ainda estava chateada com o que tinha feito com Jamie, ele estava certo de estar bravo comigo, mas ele tinha que entender que só queria protegê-lo. Ótima jogada Claire, agora ele está andando pela cidade sozinho e se encontrar Frank? Ou pior, se ele foi ao encontro de Frank para tirar satisfações? Sabia que Jamie era uma pessoa calma, mas nunca se sabe quando Alexander poderia surgir para dar conta do recado.

- Você sabe que não adianta ficar aqui pensando no que poderia ter feito, ele iria reagir da mesma forma, acho que a essa altura você já o conhece o suficiente para saber que Jamie não gosta de perder controle das situações. – Murtagh falou me tirando do transe.

- É, eu sei, acho que vou embora, não adianta ficar aqui no laboratório, ele não vai voltar e deixou isso bem claro!

- Quer que eu te acompanhe até em casa?

- Vou para a casa do Jamie, esperar ele lá, quem sabe aí conseguimos conversar civilizadamente, e também não ficarei tranquila enquanto não o ver seguro em casa, pode parecer bobeira, mas estou com medo de algo acontecer. – falei com uma ponta de tristeza.

- Não é bobeira, como eu falei antes, sei do que Black Jack é capaz! E se ele viu uma oportunidade com a experiência de Jamie, não vai deixá-lo em paz! Só que agora temos que confiar no Dougal e no Colum.

- Essa é a parte mais difícil, ficar sentada esperando eles resolverem um problema meu! – falei frustrada.

- O problema não é só seu, estamos juntos nessa, apesar de que vou confessar que se não fosse a besteira do Jamie, nada disso teria acontecido!

- Mas se não fosse isso, eu ainda estaria casada com Frank e achando tudo lindo enquanto ele me traía com metade da Universidade...

- Você está certa, vamos ver pelo lado positivo, apesar de que esse lado só me trouxe alguns cabelos brancos de preocupação! – ele falou sério, mas logo abriu um pequeno sorriso que no mundo de Murtagh significava muito.

Apenas sorri em retorno. Fomos caminhando até a casa de Jamie que não era muito longe dali. Sabia que ele não estava em casa, dava pra ver pelas janelas fechadas:

- Tem certeza de que ficará bem? – Murtagh me perguntou mais uma vez.

- Tenho! Vou te deixar em paz um pouco, já te aluguei bastante por um dia! Sei o quanto essas fortes emoções lhe incomodam! – falei rindo.

- Ainda bem que já me conhece bem! – ele riu. – Mas se precisar é só me ligar, se estiver disponível prometo ajudar.

Eu ri e me despedi. Murtagh mesmo com sua cara fechada e seu mal humor latente, era um ótimo amigo, agora entendia a amizade duradoura dele com Jamie. Como havia previsto Jamie não estava em casa e pelo jeito não havia passado lá desde que saímos de manhã para o trabalho. Tentei me distrair vendo um pouco de TV, mas não adiantou, estava muito agitada para me concentrar em algo. Fiquei vagando pela casa feito uma barata tonta até que olhei para o relógio e vi que já havia passado mais de quatro horas que ele tinha saído.

Não conseguia mais esperar, peguei meu celular e liguei pra ele. Estava desligado. Não, não era possível, ele nunca desligava o telefone. Tentei mais uma vez e caixa postal. Calma Claire, a bateria pode ter acabado, era isso. Verifiquei as mensagens, a última vez que ele havia visualizado algo tinha sido mais de cinco horas atrás. Estranho. Às vezes poderia estar numa parte da cidade onde não tinha sinal. Por um impulso liguei para Murtagh, sabia que ele tinha como rastrear o telefone de Jamie.

Mesmo me achando uma louca ciumenta pedindo isso, ele fez e falou que realmente o celular estava desligado, que o último lugar que podia rastrear Jamie era no Pub perto do laboratório na hora em que ele saiu. Isso não era um bom sinal, naquele horário tinha certeza que ele ainda tinha bateria no celular. Mas aí percebi que ele realmente poderia ter ficado bravo comigo e não queria ser encontrado:

- Você quer eu vá com você no Pub para ver se ele está lá? – Murtagh perguntou do outro lado da linha.

- Não, acho que estou sendo paranoica, provavelmente ele não quer falar comigo, por isso desligou o celular...

- Claire, eu te conheço, você só está preocupada, e conheço Jamie também, garanto que ele não se importaria em ter ver depois de tantas horas, tenho certeza que ele só está bêbado em algum bar. Daqui uns dez minutos estou aí! – ele falou desligando sem me dar oportunidade de resposta.

E dez minutos depois estávamos a caminho do Pub. Estava nervosa feito uma adolescente indo para um primeiro encontro, queria muito que Jamie estivesse como Murtagh falou, bêbado em uma mesa de bar, esperando alguém aparecer para levá-lo para casa. Mas não foi isso que encontramos lá, o bar estava cheio, mas nem sinal de Jamie. Se estava tentando parecer calma até então, agora estava desesperada, onde ele estava?

- Provavelmente Alexander deve ter tomado conta, vamos aos lugares que ele costumava ir, conheço alguns bares que ele frequentava e você sabe como ele é popular, garanto que alguém deve saber onde ele está! – Murtagh falou tentando me acalmar.

Sabia que estava sendo totalmente irracional e infantil, uma namorada ciumenta, provavelmente ele só queria algumas horas de paz, mas algo me dizia que tinha mais nisso que uma simples fuga para arejar a cabeça. Eu estava andando no automático, apenas seguia Murtagh pelos lugares, e a cada não que recebíamos, meu coração apertava mais. Realmente algo muito errado estava acontecendo.

Até que no último lugar que fomos, avistei algo que me chamou atenção, uma loira, a loira! A moça que estava com Frank no bar! Sem pensar duas vezes, corri em sua direção e a puxei pelo braço. Quando me viu, se assustou e tentou se soltar de minhas mãos que a apertavam com força:

- Onde está Jamie? Tenho certeza que você sabe o que Frank fez! – falei quase gritando.

Vi que Murtagh tentava me puxar, todos estavam olhando, mas não me importava:

- Não estou mais com Frank, ele é louco! Só falava de você e desse tal de Jamie! Que queria vingança! Não era mais divertido como era antes. – ela falou com desdém.

- E o que ele falava? Da vingança?

- Não prestava muita atenção, ele falava sobre o tal padrinho, que iria acabar com o escocês, que iria retirar até a última gota de sangue, um pouco perturbador, mas acho que era só jeito de falar! – ela falou como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu só conseguia olhar para Murtagh desesperada.

- Lass, você sabe mais alguma coisa desse plano? – Murtagh perguntou com uma calma que não tinha no momento.

- Não, como falei, não prestava muita atenção, mas acho que ele falava de um laboratório escondido que tinham montado, no antigo depósito da família...

Sem esperar ela terminar de falar, puxei Murtagh pelo braço e saí andando rápido:

- Claire, o que está fazendo? Onde estamos indo?

- Eu sei onde é esse depósito! Frank já me levou lá uma vez para pegar um móvel antigo que pertencia à família!

- Mas quem garante que Jamie estará lá?

- Você realmente acha que ele está andando por ai? Apenas bebendo e tentando relaxar? – perguntei o olhando séria.

Ele me olhou com a mesma seriedade e me entregou as chaves de seu carro:

- Você dirige! – e sem pensar mais, fomos até o carro.

POV Jamie

Abri os olhos e ainda sentia minha cabeça doer. Uma luz forte estava sobre mim, me impedindo de identificar onde estava. A última coisa de que me lembrava era de estar entrando no Pub, será que tinha bebido e Alexander tinha aparecido para me fazer esquecer de tudo? Não, não era possível, eu não tinha mais esses apagões. Onde estava? Tentei me mexer, mas logo notei que estava com os braços amarrados na lateral da cama onde estava deitado. Comecei a me desesperar, onde estava? O que pretendiam fazer comigo? Notei que não estava mais com as minhas roupas, estava com uma roupa hospitalar. Estava em um hospital? Isso justificaria estar amarrado? Não, a não ser que tivesse tentado escapar.

- Vejo que meu paciente finalmente acordou!

Olhei para o lado e lá estava ele. O famoso Black Jack Randall! Já havia visto fotos em revistas farmacêuticas e em entrevistas para programas de TV, mas nunca o tinha visto pessoalmente, realmente ele tinha um ar superior que Murtagh tanto falava:

- Onde estou? O que vai fazer comigo? – perguntei tentando me soltar.

- Se eu fosse você pouparia as energias, não irá conseguir sair daqui, pelo menos não agora. Fiquei sabendo do seu brilhante experimento! Um medicamento revolucionário! Sabia que era bom Dr. Fraser, já quis contratá-lo, mas Dougal nunca permitiu eu fazer uma oferta, realmente ele estava certo, não deixaria um funcionário que arrisca a própria vida por seu experimento sair da minha empresa!

- Eu não arrisquei minha vida, agora quero saber o porquê de eu estar preso, se quiser meu medicamento, ele ainda não está pronto e não vai ser amarrado aqui que vou conseguir termina-lo! – falei sem paciência.

- Dr. Fraser, o senhor sabe muito bem que não está amarrado nessa cama apenas pelo seu medicamento, Frank me passou todos seus dados, sua ousadia descobriu algo extraordinário! Imagine as pessoas ingerirem uma pílula que os fariam corajosos e sem inibições para realizarem tudo o que quiserem! Me tornarei o rei da rebeldia!

- Ninguém precisa de um medicamento para se tornar corajoso, é só acreditar mais em si mesmo!

- Assim como você fez para roubar a mulher do meu sobrinho? – ele falou logo gargalhando.

Isso só aumentava minha vontade de sair daquela cama e mostrar onde estava minha coragem! Enquanto ele ainda ria a me ver tentando escapar, dois homens apareceram e finalmente pude ver onde estava, era um quarto de vidro, uma estrutura quadrada e transparente, com todos os equipamentos de um hospital, mas quando olhei para fora puder ver que estávamos num deposito fechado.

- Vocês dois, tirem todo o sangue necessário do Dr. Fraser e depois, bem, depois vocês já sabem, sem vestígios ou testemunhas. – os dois homens concordaram e sorriram para mim – Dr. Fraser, foi um prazer conhecê-lo, uma pena das circunstâncias, adoraria ter usado mais de sua inteligência e talento!

Eu continuava a encará-lo com um olhar sério. Ele apenas riu e saiu da sala. Respirei fundo e olhei para os dois "escravos" de Black Jack. Eles estavam vestidos como enfermeiros, não sabia realmente se eram mesmo, mas quando vi um deles tirar uma arma do bolso e coloca-la sobre a mesa, a frase "sem vestígios ou testemunhas" martelava em minha cabeça. Fechei os olhos e respirei fundo.

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